sábado, 18 de agosto de 2007

O LIXO QUE ALIMENTA A ALMA!
Itararé
Você prefere que me cale
Mais ainda que eu falo
Falo em poesias,canto em versos
Humildemente,más falo...
A fome entorpece
O choro me entristece
Meu pai encarcerado
Mamãe desesperada
Eu e meus irmãos
Caminhando em famílias
Procurar sonhos
Entre as sobras
no lixão.
Você prefere que me cale?
Mas eu falo
Sou Marina,menina
Percorro quilômetros a pé
Até o lixão
Três vezes por semana.
Cato tudo de bom
O duro é carregar depois
Comida,brinquedos
Roupas e cadernos.
Quando retorno ao barraco
Já é quase noite
Que tristeza
Não posso apreciar direito
Meu maior Tesouro
Recobrem todas as tabuas da parede
Já li todas e reli
Para meus irmãos
Mamãe não gostava
Dizia que era besteira
_Mentira,Itararé tão linda!
Nóis,aqui,a fome e o frio.
Mas,tive paciência
Hoje,ela já não briga mais
Falo que depois que
Eu descobri as sacolinhas
Eu fiquei esperta demais
Eu disse que trago do lixão
Alimentos para o corpo
E sonhos para a alma
Sou pobre,mas não me calo
Já leio bem melhor
E compreendo muito bem
Minha vida não é a mesma
Continuo pobre,mas
Minha alma é rica .
Pois moro em Itararé
Cidade da Barreira
E das andorinhas,
Do trem de ferro
Dos vales ondulados
Dos poetas iluminados
Você prefere que me cale?
Mais ainda que eu falo
Sou de Itararé
Cidade onde o lixo
Alimenta até a alma.
Maria Inês Marinho Marques

Um comentário:

Unknown disse...

Achei muito bommmmmmmmm rs....